Já não sei ao certo quanto tempo faz desde que coloquei os pés pela primeira vez naquele chão, naquelas águas... Fato é que eu nunca esqueci! Tenho a certeza de que aquele lugar guarda um pouco de tudo o que admiro no meu saudoso Vale do Jequitinhonha: a simplicidade de um povo, a história de uma nação, a paz das montanhas, a renovação que as águas das cachoeiras nos proporcionam...
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| Cachoeira do Barão - Setembro / 2012 - Foto: Efigênio Bruno |
Depois de muitos anos passando férias ali na minha infância, foi um imenso prazer voltar, depois de tanto tempo, a esse vilarejo. Dessa vez, com o meu filho! É ainda maior a minha satisfação de poder apresentar a todos vocês uma das belas faces do Brasil, escondida no interior mineiro...
Bem - vindos a Barão de Guaicuhy: um cenário bucólico, que inspira vida nova, aliada à nostalgia das memórias preservadas.
Quem foi o Barão de Guaicuhy?
| O Barão de Guaicuhy - Foto: SFreiNobreza.com |
O Barão de Guaicuhy foi Josephino Vieira Machado, que nasceu em Minas Gerais, e faleceu em Diamantina, nessa mesma província.
Capitalista, proprietário, foi empreendedor de várias empresas importantes e entre elas, a da Navegação do Rio das Velhas.
Era Coronel da Guarda Nacional.
Foi agraciado com o título (Decreto 19-07-1879) de Barão de Guaicuhy. Título de origem toponímica, tomado do antigo nome do Rio das Velhas, em Minas Gerais.
Filho de Agostinho José Vieira Machado e Germana Leite Ferreira, que se casaram por volta de 1808 em Serro Frio/MG. Não houve a Baronesa de Guaicuhy, em razão de que a esposa do Barão faleceu antes da concessão do título.
Fonte: SFreiNobreza.com
Colaboradora: Regina Cascão - Fonte: Dicionário das Famílias Brasileiras, de Carlos Eduardo Barata e AH Cunha Bueno. Verbetes: Guaicuí, Barão; e família Vieira Machado
A Estação Ferroviária
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| Pontilhão da antiga Estrada de Ferro Foto: Blog Mata |
Motivos técnicos: acentuada declividade que exigiria curvas sucessivas para uma composição subir a serra até Diamantina ou descer sem maiores riscos. Essa justificativa pode ser contrastada com as opções tomadas na época da construção da Estrada de Ferro Santos a Jundiaí em São Paulo e também com as que enfrentaria no trajeto de Conselheiro Mata até Diamantina. No caso da Santos a Jundiaí, o obstáculo da Serra do Mar não foi visto como justificativa. Serviu, pelo contrário, para elogio à tecnologia.
Vale a pena ler essas considerações de Max de Vasconcelos na obra Vias Brasileiras de Comunicação (Edição 4 de 1993): "Quatrocentros e quarenta metros depois da estação, é transposta a ponte do Braúna, de 15,35 m. E, vencendo a rampa hostil, ganha o trem o divisor das águas do Jequitinhonha e do Rio das Velhas (garganta da Bandeirinha) na altitude de 1400 metros, a mais considerável das altitudes atingidas por estradas de ferro no Brasil." (pág 361). Pelo que se vê, não seria um grande desafio a passagem da estrada pela sede do distrito de Gouveia.
Motivos políticos: influências das elites de Diamantina que se valeram do ministro Francisco Sá, neto do Barão de Guaicuhy. A estrada de Ferro Vitória a Minas, teria seu traçado original passando por Peçanha, alcançando a cidade do Serro e como destino final a cidade de Araxá, no Triângulo. Do outro lado, a Central do Brasil, seguiria do Rio de Janeiro até o rio São Francisco em Pirapora. O ano de 1908 foi decisivo dessa disputa. Diamantina lutou para que as obras da Estrada de Ferro iniciassem na Estação de Curralinho - atual Corinto - e não aguardassem os trilhos vindos pelo Vale do Rio Doce. Resultado: o trecho de Corinto a Diamantina fiou perdido no meio do caminho. A estrada nunca chegou ao Serro nem a Peçanha e criou-se sérios problemas de administração para a Vitória a Minas, até que, no dia 06 de janeiro de 1923, o ramal perdido da Estrada de Ferro Vitória a Minas foi incorporada à Central do Brasil.
A estação de Barão de Guaicuhy foi aberta em 1913, com o nome de Braúna poucos meses depois da estação terminal de Diamantina. O nome foi alterado pouco tempo mais tarde para homenagear o empreendedor da navegação no Rio das Velhas, Josephino Vieira Machado, antigo político local.
Motivos políticos: influências das elites de Diamantina que se valeram do ministro Francisco Sá, neto do Barão de Guaicuhy. A estrada de Ferro Vitória a Minas, teria seu traçado original passando por Peçanha, alcançando a cidade do Serro e como destino final a cidade de Araxá, no Triângulo. Do outro lado, a Central do Brasil, seguiria do Rio de Janeiro até o rio São Francisco em Pirapora. O ano de 1908 foi decisivo dessa disputa. Diamantina lutou para que as obras da Estrada de Ferro iniciassem na Estação de Curralinho - atual Corinto - e não aguardassem os trilhos vindos pelo Vale do Rio Doce. Resultado: o trecho de Corinto a Diamantina fiou perdido no meio do caminho. A estrada nunca chegou ao Serro nem a Peçanha e criou-se sérios problemas de administração para a Vitória a Minas, até que, no dia 06 de janeiro de 1923, o ramal perdido da Estrada de Ferro Vitória a Minas foi incorporada à Central do Brasil.
A estação de Barão de Guaicuhy foi aberta em 1913, com o nome de Braúna poucos meses depois da estação terminal de Diamantina. O nome foi alterado pouco tempo mais tarde para homenagear o empreendedor da navegação no Rio das Velhas, Josephino Vieira Machado, antigo político local.
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| A Estação em seu prédio antigo, com o nome de Braúna. Época provável: anos 50. Foto cedida por Pedro Paulo Resende - Fonte: Estações Ferroviárias |
A estação mudou de nome para Gouvea, localidade próxima, e voltou a se chamar Braúna, para depois recuperar o nome de Barão de Guaicuhy.
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| Mudança do nome da estação para "Gouvea". Foto cedida por Pedro Paulo Resende. Fonte: Estações Ferroviárias |
O prédio atual também não é o original. Acima, as fotos mostram uma das trocas de nome. Foi fechada na primeira metade dos anos 70, com o ramal; os trilhos foram retirados não muito tempo depois.
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| A estação já em seu prédio novo. Época provável: anos 70.Foto cedida por Pedro Paulo Resende - Fonte: Estações Ferroviárias |
Ao pensar neste lugarejo, as primeiras palavras que me ocorrem são do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade:
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| Imagem antiga do vilarejo de Barão de Guaicuhy - Foto: Blog Mata |
Cidadezinha Qualquer
"Casas entre bananeiras
"Casas entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras
Pomar Amor Cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus."![]() |
| Paisagem com formações rochosas emoldurando o vilarejo. Barão de Guaicuhy - Janeiro / 2013 - Foto: Mallê |
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| Artesanato típico local ilustra as tradições do Vale do Jequitinhonha Foto: Mallê |
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| Barão de Guaicuhy - Foto: Mallê |
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| Foto: Leonardo B. |
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| O lugarejo conta hoje com poucas casas ocupadas. Foto: AFAGO |
| Mesmo com a pintura, os moradores preservaram as placas originais de horários do trem. Foto: Mallê |
| Detalhe da nova pintura e, abaixo, um novo "informativo", uma brincadeira dos moradores. Foto: Mallê |
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| Estação Ferroviária - Construção atual. Foto: Blog Mata |
De todos os lugares se tem a visão da Serra do Leão, uma formação rochosa que lembra o felino deitado, pronto para dar o bote.
| Serra do Leão - Foto: Mallê |
Essas gigantes formações estão por toda parte, seja nas estradas, formando caminhos estreitos e trilhas perfeitas pedalar, ou ao longe na paisagem, formando linhas sinuosas no horizonte, compondo uma paisagem de tirar o fôlego...
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| (Foto: Embarrocando) |
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| Serra do Pasmarra (Foto: Blog Mata) |
Não falta nem mesmo a centenária igrejinha (de 1836) para conferir aquele ar de presépio a céu aberto.
| Igreja de São Sebastião Foto: Mallê |
| Visitando a Igreja de São Sebastião |
| Mallê, seu filho, e Fernanda, a babá dele, na porta da Igrejinha Foto: Arquivo Pessoal |
| Gruta de Nossa Senhora da Conceição em uma das casas do povoado. Foto: Mallê |
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| (Cachoeira do Barão Barão de Guaicuhy - Setembro / 2012 Foto: Mallê - The World Around My Nose) |
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| (Cachoeira do Barão Barão de Guaicuhy - Setembro / 2012 Foto: Mallê - The World Around My Nose) |
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| (Cachoeira do Barão Barão de Guaicuhy - Setembro / 2012 Foto: Mallê - The World Around My Nose) |
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| (Cachoeira do Barão Barão de Guaicuhy - Setembro / 2012 Foto: Mallê - The World Around My Nose) |
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| (Cachoeira do Barão Barão de Guaicuhy - Setembro / 2012 Foto: Mallê - The World Around My Nose) |
VEJA MAIS FOTOS DE BARÃO DE GUAICUHY / MG
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| (Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
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| (Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
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| (Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
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| (Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
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| (Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
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| (Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
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| (Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
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| (Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
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| (Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
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| (Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
| (Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
| (Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
| (Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
| (Prato esmaltado, servindo feijão tropeiro, vinagrete e arroz branco. Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
| (Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
| (Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
| (Cachoeira do Barão com volume de água muito acima do normal, após forte pancada de chuva. Foto: Mallê - Arquivo Pessoal) |
| (Cachoeira do Barão com volume de água muito acima do normal, após forte pancada de chuva. Foto: Mallê - Arquivo Pessoal)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ |
Até a próxima!
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FONTES:
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